Um Encontro na Sala de Espera

imagem que basicamente não combina em nada, o weheartit já foi bom.

Oi gente!
Demorei três dias pra escrever essa crônica, ou talvez conto, ou talvez só um texto, como quiser chamar.
Não foi fácil, mas está aqui. Não vou ficar enrolando pois estou com fome e tenho que ir almoçar.


" - Esse barulho está me incomodando. - eu disse à moça da recepção, que parecia ter uns 20 anos e estava claramente entediada. Ela me olhou sem expressar qualquer reação e apontei para o rádio - tem como desliga-lo?
 - Sinto muito, senhor, é contra o regulamento.
 - Só tem eu e você nessa maldita sala de espera, desligue por favor.
 Ela se virou para o rádio e o desligou de má vontade.
 - Obrigado - respondi secamente.
 Passou-se um tempo, poderiam ter sido horas ou minutos, não sei bem, me distrai com pensamentos aleatórios até ela me interromper.
 - Vai passar com o Dr. Brauner?
 - O quê? - respondi surpreso por ela estar querendo puxar assunto, minha consulta estava marcada para daqui meia hora, eu havia chegado cedo.
 - Nada, esqueça.
 Ela voltou a olhar para o nada, subitamente arrependida por ter tentado conversar comigo.
 - Acho que fui grosso com você - me arrependi de dizer essas palavras assim que saíram da minha boca, me obriguei a continuar - Sei que está entediada e só quer ter sobre o que falar, me desculpe pelo jeito que te tratei.
 Ela hesitou por um instante, me olhou com uma mistura de medo (talvez de mim, ou apenas de conversar comigo de novo) e ansiedade. Por fim suspirou e disse:
 - Tudo bem, está perdoado.
 Assenti e olhei pela janela, nada de extraordinário, apenas o céu como sempre é nos dias de inverno, alguns carros passando pela rua da frente e os mesmos prédios e lojas intocados desde sabe Deus quando.
 - Em que está pensando? - ouvi um sussurro atrás de mim.
 Semicerrei os olhos ainda olhando para a janela.
 - Ainda tentando puxar assunto?
 - Me dê esse prazer e responda alguma das minhas perguntas. - ela cuspiu essas palavras em minha direção com todo o ressentimento que estava guardado.
 Provavelmente o que ela sentia não era problema meu, nem o porquê dela ter se estressado daquele jeito por eu não querer conversar, porém me senti culpado, ela só estava tentando ser gentil, melhor tentar colaborar.
 Me virei e a fitei por um longo segundo.
 - Estou pensando em como  o dia é igual no inverno, o mesmo céu branco, o mesmo vento gelado, é tudo a mesma coisa, todos os dias.
 Ela sorriu, compreensiva, e se sentou ao meu lado. Debruçou-se na janela e admirou o céu.
 - Nada é igual, o céu está um tom mais claro de cinca hoje, o que quer dizer que não vai chover... o vento está mais forte, os carros que passam na rua são diferentes dos que passaram ontem, parece que a tinta dos prédios da frente está desbotando...
 - Você é muito detalhista - comentei, notando que a interrompi.
 Ela deu um sorriso doce e seus olhos escuros se cruzaram com os meus.
 - Desculpe, sei que você não queria conversar comigo, mas sei lá, eu só queria companhia, passo o dia inteiro apenas com papéis e telefones, queria conversar com alguém de verdade e você...
 Eu pressionei meu dedo contra seu lábio e sorri.
 - Tudo bem, eu fui rude, acho que estou com sono.
 Ela corou, envergonhada.
 Notei que ela era muito bonita, seus cabelos castanhos caindo nos ombros, um liso tão natural. Sua pele pálida e delicada, seu sorriso fofo, seus olhos gentis...
 - O que está olhando? - ela perguntou tirando meu dedo de seus lábios.
 - Nada, é só que você... anh... é bonita.
 Aquilo a fez corar mais.
 - Obrigado.
 Respondeu por fim.
 - Vai fazer algo depois do expediente? - perguntei antes de deixar a falta de coragem me impedir.
 - Não farei nada - ela tentou parecer descontraída ao responder - podíamos sair, o que acha?
 Ouvi a voz do Dr. Brauner me chamando de seu consultório.
 - Melhor eu ir, assim que o consultório fechar eu passo e te pego.
 Beijei sua bochecha e sai, mais corado que ela.
 Antes de entrar na sala do doutor, olhei para ela de novo, ainda estava onde a havia deixado, sorrindo feito boba, olhando pela janela.
 Como ela poderia, em apenas uma conversa, driblar minha arrogância e ainda me conquistar com sua doçura?"

Ficou bom? Eu sinceramente não sei.
Bem, é isso.
Beijos

2 comentários:

  1. Você escreve muito bem. parbéns

    Seguindo seu blog

    http://isadoratendencia.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  2. Que crônica linda *---* E também delicada. Venho acompanhando suas crônicas e poemas, e você tá sempre me surpreendendo.
    Belos textos ^-^

    Beijos, Própria Mente

    ResponderExcluir

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